Internacional
18 outubro 2023 às 08h24

Rússia pede provas de inocência a Israel. Exército mostra mapas e vídeos

"Os factos devem ser apresentados", disse a a porta-voz da diplomacia russa. Exército israelita mostrou mapas, vídeos e um áudio.

DN com agências

O ataque a um hospital de Gaza que matou centenas de pessoas é "um crime" e um "ato de desumanização", afirmou esta quarta-feira a porta-voz da diplomacia russa, pedindo a Israel, que nega qualquer responsabilidade, que prove a sua inocência.

"Vemos neste momento um desejo [por parte de Israel] de se distanciar de qualquer responsabilidade. Se esta tentativa constitui uma intenção séria (...) de provar a sua inocência (...), então os factos devem ser apresentados", defendeu Maria Zakharova.

A porta-voz russa pediu aos Estados Unidos e a Israel que forneçam imagens de satélite para investigar a origem do ataque, acusando os governos ocidentais de darem a impressão, nas suas reações, de que "o ataque aconteceu por si só".

A Rússia disse que a explosão foi um "crime" e um "ato de desumanização". "Em relação à nossa avaliação, certamente qualificamos tal ato como um crime, como um ato de desumanização", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, à rádio Sputnik.

Isto no dia em que Israel negou novamente ter sido responsável pela explosão o hospital de Gaza e disse ter provas de que foi causada pelo grupo palestiniano Jihad Islâmica.

"As provas, que partilhamos com todos vós, confirmam que a explosão num hospital de Gaza foi causada pelo disparo de um foguete falhado da Jihad Islâmica", disse o porta-voz militar Daniel Hagari numa conferência de imprensa.

Hagari disse aos jornalistas que não houve danos estruturais nos edifícios em torno do hospital nem crateras que estejam em consonância com a existência de um ataque aéreo.

O porta-voz acusou ainda o Hamas de inflacionar o número de vítimas da explosão e disse que grupo terrorista não poderia saber tão rapidamente quanto alegou o que causou a explosão.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel publicou nas redes sociais um suposto áudio de uma conversa telefónica entre dois membros do Hamas, onde discutem como o al-Ahli al-Arabi foi atingido por um míssil fracassado disparado de dentro de Gaza.

Na chamada, um dos membros disse que nunca viu um míssil falhar como aquele e que o mesmo foi disparado a partir de um cemitério que fica situado atrás do hospital.

O porta-voz do exército israelita disse que as suas conclusões se baseiam "nos serviços de informação, nos sistemas operacionais e nas imagens aéreas, que foram objeto de uma verificação cruzada", segundo a agência francesa AFP.

Em Telavive, Joe Biden disse, numa declaração aos jornalistas sem direito a perguntas, que o Hamas cometeu "atrocidades malignas que fazem o Estado Islâmico parecer racional", mas que sabe que o grupo terrorista "não representa todo o povo palestiniano e só lhe trouxe sofrimento".

O presidente dos Estados Unidos também se mostrou "profundamente triste e indignado com a explosão ontem no hospital em Gaza". "Com base no que vi, parece que foi feito pela outra equipa [Hamas], não por vocês. Mas há muita gente por aí que não tem a certeza, então temos que ultrapassar muitas coisas", acrescentou.

A explosão, pela qual Israel e os palestinianos se culpam mutuamente, fez centenas de mortos e provocou condenações internacionais e manifestações em todo o mundo muçulmano.

O movimento islamita Hamas, no poder em Gaza, acusou Israel de estar na origem deste ataque de terça-feira à noite, que o exército israelita atribuiu a um ataque fracassado de foguetes da Jihad Islâmica, outro grupo armado palestiniano, 11 dias depois do início da guerra desencadeada por um ataque-surpresa sem precedentes do Hamas a Israel.

As autoridades da Faixa de Gaza disseram que o ataque ao hospital anglicano Al Ahli, no norte da Faixa de Gaza, provocou pelo menos 500 mortos.